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quinta-feira, 26 de abril de 2012

EDUCAÇÃO E LEITURA: VIDA

 

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com ; lc.amorim@ig.com.br

Um leitor não é aquele que lê um livro – ou uma sinopse – apenas para dizer que o leu. Ou que nem sequer lê a sinopse porque tem dificuldade para interpretar um enunciado. Leitor de verdade é aquele que sabe interpretar o que leu, que sabe recriar um texto. É aquele que usa seus sentidos na recriação de um texto, que decodifica signos com emoção, com alma, com sentimento.

Infelizmente, no Brasil, temos muitos dos primeiros, que na verdade nem podemos chamar de leitores, pois leem pouco porque não conseguem capturar o significado de um texto. Não conseguiram usufruir do letramento e não conseguem, quase, se comunicar. Escrever ou ler um bilhete é uma tortura, pois não conseguem se expressar nem entender uma pequena mensagem.

O leitor de verdade, então, esse não é muito comum. Aquele leitor que tem o hábito de ler, que lê dois, três, cinco livros por mês, sejam eles comprados, alugados, emprestados, esses são poucos, em número muito aquém do que desejaríamos, considerando-se o tamanho da população desse nosso país.

O resultado da terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência acaba de sair e não é nada bom. Revela que, do ano de 2007 até a atualidade, o índice de leitura dos brasileiros caiu de 4,7 livros por pessoa para quatro títulos. O número de leitores saiu de 95 milhões e meio, há cinco anos, para 88 milhões no ano passado. E olhe que a população cresceu, e muito, nesse período.

Isso pode ter muitas causas. Uma, sem dúvida a principal, é a falência da educação no Brasil. Se a educação é ruim e não incentiva a leitura nos leitores em formação, então não podemos esperar que crianças cresçam com aquisição de cultura e informação suficiente para consumirem livros, para terem boas colocações no mercado de trabalho e, consequentemente, poderem continuar, na vida adulta, a leitura de mais livros, adquirindo, assim, mais cultura, mais conhecimento e mais capacidade de progredir. Porque ler é adquirir subsídios para a vida, é tentar entender o mundo. Ler é nos transformarmos, é nos adaptarmos com as mudanças a nossa volta, é ajudar a mudar o mundo – para melhor.

Então, precisamos repensar a educação brasileira, estruturá-la, dar-lhe atenção e a importância que ela realmente tem, capacitar melhor os educadores e pagá-los dignamente. O Estado precisa priorizar a educação e não desconstruí-la, como vem fazendo. E isso precisa ser feito logo. Ou será tarde demais.

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