Foto: Diário do Nordeste
A Feira Cearense da Agricultura Familiar acontece de 2 a 5 de julho, com participação de cerca de mil agricultores.
Fortaleza. Muita movimentação em torno dos preparativos para a II Feira Cearense da Agricultura Familiar (FECEAF). O encontro, que acontece de 2 a 5 de julho no Parque de Exposições Governador César Cals, tem previsão de receber em torno de mil agricultores de todo o Estado, entre quilombolas, pescadores, irrigantes e indígenas. Amanhã, a Assembléia Legislativa do Estado realiza uma audiência pública para promover o evento.
A Feira Cearense da Agricultura Familiar é uma das atividades de comercialização proposta pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). A iniciativa é realizada através de uma parceria entre a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) e a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA).
Quem esteve na primeira edição da feira, no ano passado, recorda a integração entre agricultores do Interior, que trouxeram o que de melhor é produzido nos terreiros dos sertões, e consumidores da Capital, que não perderam a oportunidade de reencontrar suas raízes e reviver a cultura ancestral. Este ano, depois das enchentes que trouxeram perdas para os agricultores familiares, o esforço é para que os quatro dias de feira tragam alívio para as comunidades que tiveram prejuízos, abrindo portas para recomeçar o trabalho.
A estrutura deste ano terá a duplicação dos fornos à lenha. Serão quatro fornos produzindo as tradicionais comidas típicas do sertão, como beiju, tapioca e broa. Tudo feito com goma fresquinha que, aos poucos, começa a ser produzida nas casas de farinha das comunidades. E quem, em 2008, provou a rapadura mole, servida no “caquim” e misturada a pedacinhos de coco, certamente vai querer repetir.
Potencial
Para o titular da SDA, Camilo Santana, a segunda edição da feira será propícia para o sertanejo reorganizar estruturas, compartilhando o que o Interior tem de melhor: gastronomia e cultura. “Estamos atravessando uma crise no sistema capitalista e as novas políticas estão apostando na agricultura familiar, setor responsável por boa parte de tudo que se consome hoje no Brasil. É preciso apostar nos processos de produção, qualificação e certificação dos produtores cearenses. E a feira tem um papel importantíssimo nesse desenvolvimento”.
Ele destacou que, ano passado, somente o assentamento que administrou a casa de farinha teve rendimento líquido de R$ 22 mil. “Para ter uma idéia, cerca de 60% da bovinocultura leiteira, 70% do feijão e 84% da mandioca produzidos no Brasil vêm de agricultores familiares. Este é o momento certo para que essa produção seja mostrada à sociedade, promovendo, de fato, o desenvolvimento sustentável no Ceará”, disse.
No total, treze pavilhões do Parque de Exposições estão passando por adaptações para receber os expositores, a exemplo da sala de capacitação, onde vão acontecer palestras, oficinas, ilhas temáticas e seminários, tudo voltado para a agricultura familiar. Outra novidade é que, este ano, a área reservada para a piscicultura será bem especial. O visitante poderá acompanhar todo o processo do tratamento do peixe até chegar à mesa do consumidor, desde a retirada das vísceras, preparação do filé, até a degustação, tudo em praça de alimentação exclusiva.
Além disso, o público que comparecer também conhecerá diversas etapas do processamento do leite e produção de derivados, como queijo, iogurte, ricota e nata. O público poderá degustar de tudo um pouco, no melhor estilo interiorano, e ao som, ao vivo, do tradicional forró pé de serra.
REESTRUTURAÇÃO
Agricultres familiares serão capacitados no evento
Fortaleza.“Tudo que é característico nosso, sequilho, peta, bolo de milho, puba, artesanato em couro, madeira e barro, até um abatedouro de galinha caipira, onde o animal é escolhido e abatido na cara do freguês, está sendo organizado para a feira”, disse o supervisor de obras Leonardo Rodrigues Santos, o Léo Baleia, que veio diretamente do Cariri para preparar a Feira Cearense da Agricultura Familiar. Segundo ele, a meta é que tanto o agricultor tenha seu produto valorizado como o visitante desfrute de ambiente aconchegante.
“Teremos, também, exposição de bovinos, concurso leiteiro, minifazenda, casa de mel, tudo com o intuito de integrar produtores e compradores, além de divulgar produtos. As vendas foram um sucesso ano passado e, depois dos problemas com as chuvas de 2009, essa Feira promete ajudar a reestruturação desses agricultores familiares, que precisam da integração de todos nós”, disse.
De acordo com Lúcia Leitão, uma das coordenadoras da Feira, os agricultores participantes também serão orientados em temas específicos, como certificação de produtos, financiamentos, elaboração de barras de cereal, produção de fitoterápicos, culinária do pedúnculo do caju, da mandioca, processamento de queijo coalho, artesanato e outros.
“Essa é uma grande oportunidade para o agricultor se reciclar, ter acesso a novas tecnologias. Queremos colaborar para que eles tenham uma vida mais digna, com cada vez mais produtividade e qualidade. Ano passado foi bom, tivemos público maior do que o esperado e, este ano, estamos trabalhando, expandindo, para receber ainda melhor”, disse a assessora da SDA.
Para Moisés Braz, presidente da Fetraece, a Feira é uma das estratégias para relacionar diversas cadeias produtivas. espera-se que a Feira possa gerar negócios, fomentar a inclusão social, fortalecer a economia solidária e promover o desenvolvimento regional.
Fonte: Diário do Nordeste
Postado por Denilson Pereira