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sábado, 9 de março de 2013

Confira como será o conclave que vai escolher o próximo papa

 

Por Juan Lara.

Cidade do Vaticano, 8 mar (EFE) - O segundo conclave do terceiro milênio, que vai definir o sucessor de Bento XVI, começará na próxima terça-feira, dia 12, e o novo papa precisará, em todas as votações, de dois terços dos votos dos cardeais presentes para ser eleito.

Assim estabelece a Constituição Apostólica "Universi Dominici Gregis", segundo a qual se houver uma votação entre os dois mais votados, estes não poderão participar, e que se for cometido o crime de simonia (compra de votos), todos os culpados serão excomungados, mas os votos serão considerados válidos.

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Também está previsto que os cardeais eleitores deverão se abster de qualquer qualquer forma de pacto, acordo, promessa ou outros compromissos de qualquer gênero que lhes fizessem dar ou negar o voto. Se isso acontecesse, o compromisso adquirido seria nulo, e ninguém será obrigado a observá-lo.

Os cardeais também não podem fazer capitulações antes da eleição.

O conclave começará na tarde da próxima terça-feira após a missa solene que será realizada na Basílica de São Pedro de manhã, a chamada Missa Votiva "Pro eligendo papa", à qual assistirão todos os fiéis que desejarem, assim como o Corpo Diplomático.

À tarde, os cardeais se reunirão na Capela Paulina e, em procissão, irão para a Capela Sistina - que continua sendo o local dos conclaves - recitando as litanias e cantando o "Veni Creator Spiritus", com o qual invocarão a ajuda do Espírito Santo.

Já dentro da capela, começará a fase do juramento, na qual eles se comprometerão a manter segredo de tudo o que for dito ou feito. Para garantir o sigilo, os especialistas fizeram severos controles para que não sejam instalados meios audiovisuais de gravação e transmissão.

Depois, o mestre de cerimônias pontifícias pronunciará a frase "extra omnes", e todos os alheios ao conclave sairão da capela.

Abolidos os modos de aclamação e por compromisso, a eleição será feita por apuração secreta. Para que seja válida, são necessários os dois terços dos votos, calculados sobre a totalidade dos eleitores presentes. Como desta vez são 115, o eleito precisará de pelo menos 77 votos.

Na tarde do dia 12 será feita a primeira votação, e nos dias seguintes, se ainda não tiver sido definido um escolhido, haverá duas de manhã e outras duas à tarde.

A legislação vaticana estabelece que após três dias de votações sem resultados positivos, o processo deve ser suspenso por um dia para uma pausa de oração e conversas entre os eleitores.

Após esse dia de pausa, voltarão a ser realizadas outras sete votações, e se ainda assim não tiver sido escolhido o novo papa, haverá outro intervalo e mais sete votações. Se tudo continuar igual, haverá uma nova pausa e, de novo, outras sete votações. E assim até a 33ª ou 34ª votação (dependendo se no primeiro dia haver ou não votação).

Quando havia a persistência dessa indefinição, até agora, o papa era escolhido entre os dois cardeais que na última votação tivessem obtido o maior número de votos. A legislação exigia que o eleito era definido por maioria absoluta (a metade mais um).

Porém, isso foi mudado em 2007 por Bento XVI, que estabeleceu que já neste conclave fossem necessários os dois terços dos votos em todos os escrutínios. O agora papa emérito também determinou que se o processo de escolha chegar à fase de votação entre os dois mais votados, estes não poderão participar.

O procedimento de apuração ocorrerá em três fases: preparação e distribuição das cédulas por parte do cerimonial, que entregará duas ou três a cada cardeal eleitor; eleição por sorteio de três apuradores (entre os cardeais), de três encarregados de recolher os votos dos doentes e de três revisores, e se entre os escolhidos por sorteio houver cardeais eleitores doentes, serão extraídos os nomes de outros não impedidos.

As cédulas, de forma retangular, terão escrita na metade superior as palavras "eligo in summun pontificem", e a parte inferior estará em branco para que se escreva nela o nome do eleito.

Cada cardeal deverá pôr o nome do escolhido com uma caligrafia o mais irreconhecível possível, e colocar apenas um - mais nomes anulam o voto.

Para se certificar de que os cardeais estejam sozinhos, no momento da votação sairão da Capela Sistina o secretário do Colégio de Cardeais, o Mestre de Cerimônias Pontifícias e os oito cardeais cerimonialistas.

Uma vez escrito o nome na cédula, cada cardeal levará a sua, de forma bem visível, até a urna. Diante dos apuradores, pronunciarão juramento: "Ponho como testemunha Cristo Senhor, quem me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acho que deve ser eleito".

Depois, cada eleitor colocará a cédula em um prato, e com este a colocará na urna, e depois voltará a seu lugar. Se algum dos cardeais eleitores não puder ir até o altar levar sua cédula, um apurador se encarregará de fazê-lo.

Assim que todos os cardeais eleitores tiverem introduzido sua cédula, elas começarão a ser contadas. Se o número das mesmas não corresponder ao de eleitores, elas serão queimadas imediatamente, e será realizada uma segunda votação.

Se tudo estiver em ordem, os apuradores se sentarão em uma mesa colocada diante do altar. O primeiro pegará uma cédula, a abrirá e olhará o nome do escolhido e a passará ao segundo, que fará o mesmo e a passará ao terceiro, o qual lerá em voz alta e inteligível o nome, para que todos possam escutá-lo e anotá-lo.

Concluída a apuração, serão somados os votos obtidos pelos diferentes nomes. O último apurador que lê as cédulas as perfurará com uma agulha no ponto onde aparece a palavra "eligo" e as inserirá em um fio. No final, serão atados os extremos do fio com um nó, e as cédulas assim unidas serão colocadas em um recipiente ou ao lado da mesa.

Se nenhum dos escolhidos receber os dois terços da votação, ainda não será suficiente para definir o papa, e se conseguir, haverá um novo pontífice. Em ambos os casos, as cédulas passarão por um controle. Se tudo estiver correto e antes de os cardeais deixarem a Capela Sistina, todas as cédulas serão queimadas.

Em caso negativo (fumaça preta), será preciso voltar a votar, e se for positivo a fumaça será branca.

Uma vez eleito, o cardeal decano - embora nesta ocasião não será Angelo Sodano, já que tem 85 anos e não poderá entrar na Capela Sistina, mas o cardeal Giovanni Battista Re -, em nome de todo o Colégio Cardinalício, pedirá seu consentimento ao eleito com as palavras: "Aceita sua escolha canônica para sumo pontífice?".

Se o escolhido disser sim, será perguntado como quer ser chamado, e depois o Mestre de Cerimônias fará a ata.

Finalmente então, o novo pontífice será anunciado ao mundo com a fórmula: "Habemus Papam". EFE

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